top of page

Lavoro entra com pedido de Recuperação Extrajudicial para renegociar dívidas de R$ 2,28 bilhões

  • Foto do escritor: Equipe Sergio Schmidt Advocacia
    Equipe Sergio Schmidt Advocacia
  • 19 de jun.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 8 de nov.

ree

A tempestade que já era esperada se confirmou: a Lavoro, rede de distribuição de insumos agrícolas controlada pelo Pátria Investimentos, protocolou pedido de recuperação extrajudicial na Justiça de São Paulo para tentar reorganizar uma dívida bilionária. O valor total a ser renegociado chega a R$ 2,286 bilhões, concentrado em fornecedores de insumos. O movimento, embora anunciado como estratégico, escancara a crise enfrentada pela companhia – e reforça o alerta do setor, que já viu recentemente a gigante AgroGalaxy entrar em recuperação judicial.


Foco nos fornecedores, mas crise vai além

A recuperação extrajudicial proposta pela Lavoro envolve exclusivamente credores comerciais, em especial multinacionais do setor químico e de fertilizantes. A estratégia, no entanto, deixa de fora dois grupos sensíveis: os credores financeiros, que somam R$ 1,2 bilhão, e os trabalhistas. Segundo a petição inicial, os bancos e instituições financeiras terão seus créditos tratados “em negociações paralelas”, enquanto os débitos trabalhistas seguem fora do escopo da renegociação.


Quem já aderiu

Até o momento, seis grandes fornecedores aceitaram os termos do plano de recuperação extrajudicial, representando R$ 853 milhões em créditos – ou 37,34% do total a ser reestruturado. Entre eles estão nomes de peso da indústria química e de fertilizantes:

  • UPL do Brasil – R$ 354 milhões

  • FMC Química – R$ 256 milhões

  • Basf S/A – R$ 197 milhões

  • Ouro Fino Química – R$ 27 milhões

  • Fertilizantes Heringer – R$ 9 milhões

  • Fertilizantes Tocantins – R$ 8 milhões

A proposta só será homologada judicialmente se a Lavoro atingir, no prazo de 90 dias, a adesão de mais de 50% dos credores por valor – uma corrida contra o tempo.


Condições do plano: devolução de produtos, deságio e prazo

O plano de recuperação extrajudicial prevê três mecanismos principais para quitar as dívidas com os fornecedores:

  1. Devolução de produtos em estoque, especialmente insumos ainda não vendidos;

  2. Deságio (redução no valor nominal da dívida);

  3. Parcelamento do saldo restante em prazos mais longos.

Apesar de tentar vender a proposta como uma “solução equilibrada”, especialistas apontam que a utilização de produtos em devolução pode gerar litígios sobre qualidade e aproveitamento – o que pode travar novas adesões ao plano.


Sinal de alerta no agronegócio

O caso da Lavoro pode não ser um episódio isolado. Depois da recuperação judicial da AgroGalaxy, o setor começa a dar sinais de endividamento estrutural em diversas cadeias. A concentração de dívidas em fornecedores e o adiamento de pagamentos aos bancos refletem um ciclo de inadimplência crescente, agravado pela queda nos preços das commodities e pelo aperto no crédito rural.

Embora o cenário do agronegócio esteja marcado por uma crescente onda de endividamento, o caminho escolhido pela Lavoro – a recuperação extrajudicial – revela-se, ao menos por ora, mais eficiente e menos traumático do que o adotado por empresas como a AgroGalaxy, cuja recuperação judicial tem sido alvo de críticas e incertezas no mercado. Ao optar por negociar diretamente com fornecedores e preservar o fluxo operacional com instituições financeiras e trabalhadores, a Lavoro demonstra uma tentativa de reestruturação mais estratégica e consensual, evitando o desgaste institucional e a instabilidade provocada por uma recuperação judicial tradicional. Ainda que os desafios sejam grandes, o modelo proposto pode representar um exemplo mais racional de enfrentamento da crise no setor.


Para conhecer a lista completa de credores sujeitos aos efeitos da Recuperação Extrajudicial acesse o link abaixo:


Comentários


© 2024 Por EmpresaemCrise.com

Empresa em Crise

bottom of page